José de Sousa Saramago, 16 de novembro de 1922 - 18 de junho de 2010.
Escritor, poeta, contista, vencedor de vários prêmios, entre eles um Nobel de literatura, comunista, ateu e exemplo.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
domingo, 6 de junho de 2010
Synapsys Interminds XX
Aquele dia além de fantástico, fora maravilhoso. O doutor Godfried havia finalmente terminado sua maior invenção, sua optimus prime. O próprio, e mais meia dúzia de outros cientistas estavam presentes no momento da inauguração. Os sete pequeninos - únicos sobreviventes daquela espécie. Sim, uma espécie de ser humano que não evoluiu como o homo sapiens, devido ao seu tamanho, mas sim como sapiens sapiens demens. Nós, hoje em dia não conseguimos mais vê-los. Mas bem, Dr. Godfried havia criado a Sysnapsys Intermind XX, o que deixara os outros seis boquiabertos de alegria e euforia. Todos exigiram seus lugares dentro da nova aeronave. A intenção do doutor (que os outros pouco sabiam) era navegar dentro da mente dos outros seres humanos. Houve uma breve apresentação e logo embarcaram ansiosos. Tiveram alguns pequenos problemas na decolagem, mas depois correu tudo bem.
Encontraram caminhando na calçada um homem de baixa estatura, de bigodes pretos e cabelos lambidos para os lados que andava a passos largos, ágeis e determinados, carregando uma maleta. Com habilidade, Godfried se infiltrou pelas narinas daquele ser sem atingir se quer um pequeno fio de bigode. A viagem foi emocionante, tanto que não conseguem encontrar palavras para descrever. Mas a melhor, ou pior parte foi ao chegarem, as fronteiras da mente, numa estranha e peculiar barreira, um portal. O doutor disse que, provavelmente, a partir dali nada mais faria sentido. Fez uma rápida votação para verificar se entrariam ou não. Quatro contra três, entraram.
(...)
Recentemente, Erasmo, um detetive especialista em nano-biotécnologia-arqueológica, encontrou o diário do doutor Godfried. Seu relato sobre a descoberta é muito vago e breve: disse que dos sete, três retornaram vivos. Um deles queimou todo o seu laboratório e decidira virar jardineiro no deserto, enquanto esperava a morte. Outro nunca mais sequer pronunciou uma única palavra ou qualquer tipo de som, como que se guardasse um segredo até do Onisciente; e Godfried, este decolou novamente e foi embora para sempre.
Quanto ao detetive, bom, já era viciado em ácido, e depois de ler o diário, decidira tomar a maior dose de sua vida com objetivo de livrar sua mente dos preceitos convencionais e outras coisas, e solucionar o caso... Mas nunca mais acordou. A polícia, ao encontrar o cadáver do detetive, encontrou a tal maleta do homem que teve sua mente invadida pela aeronave. Na maleta havia manuscritos em alemão descrevendo conceitos como raça, domínio, pureza e superioridade.
(imagem: mausoléu de vítimas do Holocausto. Cimetiere du Montparnasse, Paris, inverno de 2008)
Encontraram caminhando na calçada um homem de baixa estatura, de bigodes pretos e cabelos lambidos para os lados que andava a passos largos, ágeis e determinados, carregando uma maleta. Com habilidade, Godfried se infiltrou pelas narinas daquele ser sem atingir se quer um pequeno fio de bigode. A viagem foi emocionante, tanto que não conseguem encontrar palavras para descrever. Mas a melhor, ou pior parte foi ao chegarem, as fronteiras da mente, numa estranha e peculiar barreira, um portal. O doutor disse que, provavelmente, a partir dali nada mais faria sentido. Fez uma rápida votação para verificar se entrariam ou não. Quatro contra três, entraram.
(...)
Recentemente, Erasmo, um detetive especialista em nano-biotécnologia-arqueológica, encontrou o diário do doutor Godfried. Seu relato sobre a descoberta é muito vago e breve: disse que dos sete, três retornaram vivos. Um deles queimou todo o seu laboratório e decidira virar jardineiro no deserto, enquanto esperava a morte. Outro nunca mais sequer pronunciou uma única palavra ou qualquer tipo de som, como que se guardasse um segredo até do Onisciente; e Godfried, este decolou novamente e foi embora para sempre.
Quanto ao detetive, bom, já era viciado em ácido, e depois de ler o diário, decidira tomar a maior dose de sua vida com objetivo de livrar sua mente dos preceitos convencionais e outras coisas, e solucionar o caso... Mas nunca mais acordou. A polícia, ao encontrar o cadáver do detetive, encontrou a tal maleta do homem que teve sua mente invadida pela aeronave. Na maleta havia manuscritos em alemão descrevendo conceitos como raça, domínio, pureza e superioridade.
(imagem: mausoléu de vítimas do Holocausto. Cimetiere du Montparnasse, Paris, inverno de 2008)
Assinar:
Postagens (Atom)