terça-feira, 23 de junho de 2009



O menino que podia voar.

Esta história que estou prestes a lhes contar, de fato aconteceu. Tudo começou no ano de 1988 num pequeno vilarejo, no sul da Lituanea, onde tudo tinha cor de terra. Foi logo no outono, quando as folhas começaram a cair, alguém decidira levantar. O menino nascera prematuro. Nasceu em casa mesmo, e dali demorou anos para sair. Seus pais logo se assustaram, pois o bebe preferia engatinhar no teto que no chão. Era sempre muito difícil alcançar a criança lá em cima, e já virara fofoca de vizinhos, que viam pela janela um casal pulando para algo estranho no teto capturar.
Bem, as janelas foram fechadas desde então, e o tempo se passou. Nenhum ventilador fora ligado dentro de casa e a luz era de velas. E os boatos corriam.
Que coisa mais bizarra, um menino que queria ser cigarra.
Pois além de voar não dizia coisa com coisa. Mas quem diria? O garoto mesmo sem ir a escolinha um dia arrumou uma namoradinha. Menina determinada e bem decidida. Intrigada com o fato de o garoto não sair de casa, um dia lhe amarrou uma corda no tornozelo e o levou para passear. Que felicidade ele passou, dos fios de alta tensão a desviar e a lua tentar agarrar.
Sua vida passara a ser esperar. Esperar o final de semana chegar para com sua namorada sair para passear. A menina corria com ele ladeira a baixo, parecia que estava soltando pipa. Mas com o tempo, foi ficando mais difícil segurar a corda, algo o puxava cada vez mais forte para cima.
Onde já se viu tamanha aberração,
Um alguém tão sem pé no chão?

Um dia, a garotinha, com lagrimas nos olhos tomou uma importante decisão. Neste dia, o menino foi solto da corda e as nuvens pode finalmente alcançar... se foi para nunca mais voltar...
Subiu e subiu, no ar a flutuar, foi para tão longe que a neve chegou a ofuscar. Sua mãe sempre dizia, que nunca sabia o que ele realmente queria.

Faleceu no inverno... no dia 2 de julho de 2000. O motivo da morte até hoje ninguém sabe. Mas o que mais espanta era ignorar a gravidade. Como se sabe que foi verdade? Bom, o senhor Vladimyr, um velhinho agregado dos vizinhos disse com certeza que, o corpinho que vira no caixão, não era o do menino que sabia voar.
(imagem: "O passeio", de Marc Chagall)

domingo, 21 de junho de 2009

Procuro Vaga em república. Minha casa... é... desmanchou?!

quinta-feira, 18 de junho de 2009



"Muitos anos atrás, eu estava pescando, e enquanto eu fisgava o pobre peixe, eu percebi,
'Eu estou matando ele... Tudo pelo prazer temporário que irá me proporcionar'.
E algo dentro de mim fez um click. Eu percebi enquanto observava ele lutar para respirar, que a vida dele era tão importante para ele quanto a minha é para mim".

Paul McCartney

terça-feira, 9 de junho de 2009

terça-feira, 2 de junho de 2009

Meu coração já está cansado, está pesado, se esforça para bater e carregar. Drummond diz que o coração é muito pequeno para o mundo. Mas será que o coração é que é pequeno ou as coisas é que são muitas? Alvaro de Campos fala que tem apertado ao peito hipotético mais humanidade que Cristo.
Coração, órgão vital que tem como responsabilidade bombear, jorrar, pulsar, expelir, porque então concentra tantas coisas, tanto peso? Amor e ódio, tristeza e alegria, agitação e calmaria.
“São apenas processos cerebrais, seu sistema nervoso funciona assim e assado”, dizem alguns. Está bem, até parece que não está no coração. Porque os cientistas encontram no cérebro o que os artistas e poetas encontram no coração? “Calada a boca, resta o peito (...), calado o peito, resta a cuca”, cantam Gil e Chico.
Ainda assim existem, principalmente nos dias atuais, aqueles que cultuam o vazio, e não são os budistas. Sim, pessoas que parecem não sentir, pessoas vazias. Será esta a voga do século XXI? Viver tão superficialmente, sem jamais conhecer o fundo ou gozar do alto? Viver sem viver, sem experimentar a profundidade daquilo que o ser humano desenvolveu como mágica. Aquilo que os cientistas ainda não explicam, e os artistas tentam diariamente expressar. Onde foi que deixamos tudo isso para trás? Onde foi que nos perdemos? Ou será que fui eu que me perdi?
Meu coração já está cansado, está pesado...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Entre conchas e papéis de plástico


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No fundo, as ondas sempre querem dizer alguma coisa. Trazem alguma coisa e levam outras de volta. De vez em quando levam aquilo que acabaram de trazer. Se prestar atenção todo ambiente a nossa volta quer dizer algo, como se fosse um livro interminável, uma história sem fim. Podemos ler e reler de infindáveis maneiras diferentes. Às vezes me fazem pensar na relação de causa e efeito, será que tem algo ver com a batida das asas da borboleta ou será que é tudo conversa mole? É claro que, tudo muda a todo momento, as configurações do espaço-tempo nunca permanecem as mesmas, assim como cada onda que se recolhe deixa a praia com desenhos diferentes, conchas novas, papéis de marcas diferentes. É claro que, nós por sermos “uma espécie superior” as outras, como costumam dizer por aí, futuramente veremos a predominância dos papéis de plástico sobre as conchas e também um peixe morto ali, um siri podre acolá, mas tudo bem, “pra tudo se dá um jeito”, gostam de dizer também. Se não dá para nadar nessa praia aqui, pegamos o carro e vamos para outra. Se não dá para respirar neste lugar, vamos para outro. Se não dá para habitar a Terra vamos para o espaço. É tudo tão simples quanto jogar uma latinha de cerveja no mar, ele vai levá-la embora mesmo. O que seria de nós sem a hipocrisia?